China anuncia corte de taxas de importação para conter escassez de comida

Um dos produtos cujas tarifas serão cortadas em janeiro é a carne de porco congelada; indústria suína chinesa foi afetada por uma peste, elevando o preço

A China vai reduzir as tarifas de importação de mais de 850 produtos, incluindo carne de porco congelada, a partir de janeiro, anunciou o ministério das Finanças nesta segunda-feira (23), em uma tentativa de combater a escassez deste alimento básico no país.

A indústria de carne de porco da China foi muito afetada pela peste suína africana, que forçou o sacrifício de mais de um milhão de animais, de acordo com estatísticas oficiais, e dobrou o preço do produto.

O anúncio desta segunda-feira determina que as tarifas sobre a carne de porco congelada cairão de 12% para 8% a partir de 1 de janeiro.

A medida não parece estar relacionada com a guerra comercial aberta entre China e Estados Unidos, que levou os dois países a aumentar as tarifas de vários produtos, uma batalha de centenas de bilhões de dólares que afetou o crescimento mundial.

No entanto, o presidente americano Donald Trump retuitou nesta segunda-feira duas notícias da imprensa sobre a redução das tarifas, sem qualquer comentário adicional. A lista de produtos afetados inclui vários itens que as empresas chinesas compram nos Estados Unidos, como carne de porco a aparelhos eletrônicos.

Analistas consideram que com esta decisão Pequim deseja enviar sinais de uma certa abertura, depois de alcançar um acordo mínimo com Washington este mês para reduzir algumas taxas e trabalhar rumo a um pacto mais amplo.

A Comissão de Tarifas do Conselho de Estado afirmou em um comunicado que as mudanças devem “otimizar a estrutura comercial e promoverão um desenvolvimento de alta qualidade da economia”.

Também serão reduzidas as tarifas de outros produtos alimentares como pescado, queijo e frutas secos, além de produtos farmacêuticos, componentes para smartphones e vários produtos químicos.

Além disso, produtos importados de países como Nova Zelândia, Peru, Costa Rica, Suíça, Islândia, Austrália, Coreia do Sul e Paquistão também serão submetidos a uma redução de tarifas, de acordo com o ministério.

Importação de carne de porco

A diminuição das tarifas de importação acontecem em um momento em que as importações de carne suína pela China saltaram mais de 150% em novembro, na comparação anual, para 229,7 mil toneladas, o maior nível desde ao menos 2016.

Os dados também apontam alta de 30% ante as 177,4 mil toneladas do mês anterior, mostraram números da Administração Geral de Alfândegas nesta segunda-feira, com atacadistas elevando seus estoques às vésperas do feriado do Festival de Primavera.

As importações de carne suína ficaram em 1,73 milhão de toneladas nos primeiros 11 meses do ano, alta de 58% na comparação anual. O dado é não inclui miúdos e outras partes, agregadas em números referentes a “carnes variadas”.

As importações de carne suína em novembro foram as maiores desde janeiro de 2016, quando começaram os registros do terminal Eikon, da Refinitiv.

Além de ter iniciado uma série de medidas para impulsionar a produção de suínos, a China abriu seu mercado para novas fontes de carne, para ajudar a cobrir a falta de oferta.

Já as importações de frango saltaram, com alta de 70,9% na comparação anual em novembro, para 77,89 mil toneladas. E as importações de carne bovina, mais cara, mas cada vez mais popular na crescente classe média chinesa, cresceram 79,3% na comparação anual em novembro, para 186,9 mil toneladas.

Outras medidas econômicas

Também nesta segunda o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, disse que o governo vai estudar a adoção de mais medidas para reduzir os custos de financiamento a empresas menores, incluindo cortes generalizados e específicos na taxa de compulsório, reempréstimo e redesconto.

Li deu as declarações durante viagem à província de Sichuan, de acordo com a televisão estatal CCTV. Ele não deu detalhes.

O crescimento econômico da China desacelerou para mínimas de 30 anos no terceiro trimestre.

(Com Reuters e AFP)

Fonte: Exame