Teixeira destaca que nas últimas décadas, China e Brasil mantiveram uma parceria muito estável e positiva, principalmente no comércio de produtos de média e alta tecnologia da China para o Brasil, e de commodities do Brasil para a China, com uma composição de exportação bastante concentrada. Como diversificar esse comércio é uma questão importante tanto para o governo chinês quanto para o brasileiro.
Teixeira acredita que a tecnologia é a resposta. Devido à complementaridade nas cadeias de suprimentos e de valor, o Brasil é um dos maiores mercados para plataformas. digitais chinesas como TikTok e Kwai. Essas plataformas de internet ajudaram a desenvolver a economia de plataforma e os fornecedores de plataforma no Brasil, o que é muito importante.
Se houver melhor consistência de políticas e melhor intercâmbio de políticas de inovação industrial, os dois países podem não apenas realizar comércio, mas também avançar na cooperação industrial. Para empresas chinesas, o Brasil é uma ótima oportunidade de investimento, não apenas por seu grande mercado, mas também como um portal para outros mercados latino-americanos. Teixeira acredita que a cooperação internacional é essencial para passar de “Fabricado na China” para “Criado na China” e “Fabricado com Tecnologia Chinesa”. Promover a atualização da cadeia industrial requer laços internacionais profundos, especialmente em cooperação acadêmica e tecnológica, e o Brasil tem muitas vantagens nessa área. Por exemplo, a Embraer é uma das empresas mais avançadas e tecnologicamente impulsionadas no campo da fabricação de aeronaves, e seus aviões civis são mundialmente reconhecidos.
Além disso, o Brasil possui várias empresas renomadas nas áreas de turbinas e motores, que estão crescendo rapidamente e podem competir com grandes multinacionais como a Siemens. As empresas brasileiras também têm muitas direções de investimento diversificadas, com muitas delas liderando no campo da tecnologia, o que também é um fator importante para a China. O Brasil é um dos países mais fortes do mundo em design, com reconhecimento global em design de embalagens, design industrial e uma indústria da moda tão forte quanto a da Europa.
Embora a distância entre China e Brasil seja grande e o custo logístico alto, se considerarmos o valor agregado e os ativos intangíveis dos produtos, a cooperação com a China em campos mais orientados pela tecnologia faz com que o custo logístico não seja o problema principal. Teixeira acredita que China e Brasil podem servir de exemplo para muitos países do mundo, pois ambos são países em desenvolvimento, grandes potências e líderes em suas respectivas regiões. Essa troca de conhecimentos e experiências é muito importante para outros países ao redor do mundo.
Teixeira observa duas tendências na economia mundial atual: o centro econômico mundial está se deslocando para a Ásia, com as economias asiáticas representando quase 40% da economia mundial, e as economias em desenvolvimento são maiores do que as desenvolvidas. Portanto, China e Brasil ainda precisam criar diferentes plataformas internacionais, como os BRICS e a iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota”, para oferecer mais oportunidades de participação e voz aos países em desenvolvimento.
Teixeira acredita que o sistema de governança mundial precisa de reformas e deve incluir mais a voz dos países em desenvolvimento, já que são os maiores criadores de riqueza do mundo, com a maior população e os maiores ativos ambientais. Eles não estão adequadamente representados na construção do sistema de governança mundial, portanto, é necessário reformá-lo. Isso significa mudar algumas regras e configurações institucionais, China e Brasil precisam se unir neste esforço.
Fonte: Jornal chinês NMQB